Essa noite eu tive um sonho. Sonhei que eu podia voar; atravessei as nuvens macias, voei até a lua, dei uma volta pelo espaço sideral e roubei uma estrela do céu. Fui mais além, onde os olhos humanos não podem enxergar; onde só os corações aflitos, alegres ou despedaçados chegam; conversei com Deus, pude ver seus olhos e pude lhe dar um abraço. Deixei com ele um bilhete de amor e devoção. Voei de volta a terra. Agora eu podia nadar. Nadei até a mais profunda das profundezas do oceano. Enxerguei peixes que nunca ninguém jamais viu. Encontrei tesouros em baús antigos. Trouxe comigo uma moeda de ouro. Voltei a superfície e andei por uma praia deserta de areia fina e muito clara. O sol me acompanhava por onde eu fosse, enquanto o canto dos pássaros dava ritmo meu caminhar. Ouvi ao longe, uma música suave tocar. Corri buscando o som, sem saber para onde estava indo. Entrei no mato denso, tropeçando em galhos e cipós selvagens. Cheguei a uma clareira. Cheguei em uma cachoeira. Ali estava você. Era de você que a música saía, visto que você não tocava nenhum instrumento e nenhum aparelho de som estava conectado. Você me olhou, sério. E eu percebi: você era a música. Você sorriu, e num gesto rápido, jogou-se na água da cachoeira. Eu chamei por você, mas você não voltou. Nunca mais.
Acordei.
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